* Texto originalmente enviado como colaboração ao Liberal e ao Portal Novo Momento em setembro de 2015
Quiçá ao céu ao invés do inferno! Penso que esse deveria ser o lema de esperança para uma sociedade com vistas ao caos crônico em que se vê submersa. As consequências da má gestão local em nossa cidade têm vindo à tona, agravadas por uma crise econômica mundial que repercute em todo país, desde o cenário mercantil até o uso dos espaços urbanos.
Quiçá ao céu ao invés do inferno! Penso que esse deveria ser o lema de esperança para uma sociedade com vistas ao caos crônico em que se vê submersa. As consequências da má gestão local em nossa cidade têm vindo à tona, agravadas por uma crise econômica mundial que repercute em todo país, desde o cenário mercantil até o uso dos espaços urbanos.
Não adianta apenas cutucarmos as feridas. Aliás,
é incômoda essa indignação momentânea de apenas reclamarmos quando elas estão
expostas. O diagnóstico dos problemas que enfrentaríamos em Americana tem sido
apontado há anos e a irresponsabilidade do poder público, referendada pela
sociedade civil local, já indicava tudo isso.
Pois
bem, o turismo, enquanto fenômeno social e econômico, pode ser uma saída para a
crise de nosso município. Desde que planejado junto às comunidades locais, essa
alternativa pode ser a mesma aposta bem sucedida que muitas outras localidades
por todo o mundo vêm adotando. Não adianta insistir em políticas e estratégias
obsoletas que não correspondem à realidade. Temos aqui vários diferenciais que
nos destacam na região, nos despontam como potência turística e que podemos dar
usos para o bem comum.
Desde
2011 tenho fotografado nossos principais atrativos e não é apenas alarmante o
descaso flagrante para com nossos patrimônios. Trata-se de um crime contra a
memória, meio ambiente e legado para as próximas gerações. Nos últimos anos o
abandono chegou a tal ponto que o único elemento que unifica as paisagens de
nossas edificações históricas e singularidades naturais é o capim Brachiaria, espécie invasora e
avassaladora para nossa biodiversidade.
Quanto
aos patrimônios em questão, devo lembrar que são elementos de gabarito e
interesse local, regional e nacional. O Museu e Represa do Salto Grande, a Casa
de Cultura Hermann Müller, o Bairro Carioba e a Gruta Dainese. Venezianas em
pó, reboques no chão, faixas de interdição. Corredores ecológicos destruídos e
transformados em depósitos de lixo e descarte de resíduos sólidos clandestinos
e esgotos, erosões e destruição da flora e fauna, de espécies que resistem à
urbanização galopante e perversa.
Mas
tudo isso talvez não seja o retrato mais triste dessa realidade. O que
impressiona é o absoluto silêncio das instituições de ensino, das autoridades e
de movimentos sociais que não conseguem ecoar um grito de mudança emergencial. Estamos
produzindo a prova da desconstrução de uma cidade, sua identidade e usos para
cidadania. E vale lembrar que uma comunidade sem a premissa da coletividade, do
pertencimento e dos laços de sociabilidade só pode produzir a individualidade
em primazia da propriedade privada, dos muros, das cercas e do caos urbano. Não
à toa, as únicas edificações que se destacam em nosso território na atualidade
são os condomínios privados, se não a representação do feudo, o pânico social
diante da indiferença para com a totalidade.
Em
consulta às receitas de nosso município, podemos ver que nos últimos anos os
montantes só aumentaram. E o que foi
feito? Cadê os trabalhos das secretarias responsáveis por tudo que apontamos? O
que fazem as comissões da Câmara? Se a burocracia não as engoliu, certamente há
algo escondido a ser deflagrado.
Posto
isso, penso que devemos unir forças, alinhar parcerias e criar caminhos para o
conhecimento e preservação da memória de nossa sociedade, pelo direto à cidade
e desenvolvimento local. E o turismo
pode ser o caminho mais interessante.
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