quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Turismo: uma estratégia oportuna e necessária para Americana

* Texto originalmente enviado como colaboração ao Liberal e ao Portal Novo Momento em setembro de 2015
Quiçá ao céu ao invés do inferno! Penso que esse deveria ser o lema de esperança para uma sociedade com vistas ao caos crônico em que se vê submersa. As consequências da má gestão local em nossa cidade têm vindo à tona, agravadas por uma crise econômica mundial que repercute em todo país, desde o cenário mercantil até o uso dos espaços urbanos.
 Não adianta apenas cutucarmos as feridas. Aliás, é incômoda essa indignação momentânea de apenas reclamarmos quando elas estão expostas. O diagnóstico dos problemas que enfrentaríamos em Americana tem sido apontado há anos e a irresponsabilidade do poder público, referendada pela sociedade civil local, já indicava tudo isso.
Pois bem, o turismo, enquanto fenômeno social e econômico, pode ser uma saída para a crise de nosso município. Desde que planejado junto às comunidades locais, essa alternativa pode ser a mesma aposta bem sucedida que muitas outras localidades por todo o mundo vêm adotando. Não adianta insistir em políticas e estratégias obsoletas que não correspondem à realidade. Temos aqui vários diferenciais que nos destacam na região, nos despontam como potência turística e que podemos dar usos para o bem comum.
Desde 2011 tenho fotografado nossos principais atrativos e não é apenas alarmante o descaso flagrante para com nossos patrimônios. Trata-se de um crime contra a memória, meio ambiente e legado para as próximas gerações. Nos últimos anos o abandono chegou a tal ponto que o único elemento que unifica as paisagens de nossas edificações históricas e singularidades naturais é o capim Brachiaria, espécie invasora e avassaladora para nossa biodiversidade.
Quanto aos patrimônios em questão, devo lembrar que são elementos de gabarito e interesse local, regional e nacional. O Museu e Represa do Salto Grande, a Casa de Cultura Hermann Müller, o Bairro Carioba e a Gruta Dainese. Venezianas em pó, reboques no chão, faixas de interdição. Corredores ecológicos destruídos e transformados em depósitos de lixo e descarte de resíduos sólidos clandestinos e esgotos, erosões e destruição da flora e fauna, de espécies que resistem à urbanização galopante e perversa.
Mas tudo isso talvez não seja o retrato mais triste dessa realidade. O que impressiona é o absoluto silêncio das instituições de ensino, das autoridades e de movimentos sociais que não conseguem ecoar um grito de mudança emergencial. Estamos produzindo a prova da desconstrução de uma cidade, sua identidade e usos para cidadania. E vale lembrar que uma comunidade sem a premissa da coletividade, do pertencimento e dos laços de sociabilidade só pode produzir a individualidade em primazia da propriedade privada, dos muros, das cercas e do caos urbano. Não à toa, as únicas edificações que se destacam em nosso território na atualidade são os condomínios privados, se não a representação do feudo, o pânico social diante da indiferença para com a totalidade.
Em consulta às receitas de nosso município, podemos ver que nos últimos anos os montantes só aumentaram.  E o que foi feito? Cadê os trabalhos das secretarias responsáveis por tudo que apontamos? O que fazem as comissões da Câmara? Se a burocracia não as engoliu, certamente há algo escondido a ser deflagrado. 

Posto isso, penso que devemos unir forças, alinhar parcerias e criar caminhos para o conhecimento e preservação da memória de nossa sociedade, pelo direto à cidade e desenvolvimento local.  E o turismo pode ser o caminho mais interessante.